Finanças - Indicadores financeiros para gestão do agronegócio: Já ouviu algo sobre este assunto?


Entenda sobre os indicadores financeiros que vão transformar a gestão do seu negócio rural.

No primeiro texto desta série, apresentamos o Balanço Patrimonial Gerencial como uma nova ferramenta importante para as famílias do agronegócio. Nesta nova abordagem, traremos novos conceitos para aplicação nas fazendas que certamente apoiarão as tomadas de decisão de forma clara: são os indicadores financeiros! Neste texto abordaremos dois indicadores que estão entre os mais utilizados.

 

Novos conceitos em indicadores financeiros para o agronegócio

Nossa intenção aqui não é passar conteúdo profundo em finanças, e nem explicar cada uma das ferramentas financeiras que podem apoiar o produtor rural. Temos o objetivo de mostrar a essência de novos conceitos para uma gestão mais clara e objetiva, visando melhor resultado financeiro e proteção do patrimônio familiar.

 

O primeiro indicador é: Dívida de curto prazo / Faturamento (DCP/F)

Classificamos como dívida de curto prazo aquela que vencerá nos próximos 360 dias, e o faturamento é a entrada de caixa naquele ano. Por exemplo, se a DCP é de R$ 1 milhão e o Faturamento estimado for R$ 2,0 milhões, o DCP/F será 50%.

Esta referência mostra a liquidez no curto prazo, e apoia a gestão do fluxo de caixa. Assim, o produtor poderá tomar a decisão de fazer um novo investimento à vista se houver “folga” no indicador, como deverá evitar novos custos caso a situação esteja apertada. Entendemos que o ambiente está saudável com o DCP/F menor ou igual a de 50% para a agricultura, e 60% para pecuaristas, mas não podemos usar estes valores como regra e isoladamente. A informação deve ser analisada interativamente com outros marcadores dentro dos processos de gestão.

 

Outro indicador interessante é: Dívida total / Patrimônio (DT/P)

Aqui a conta é simples, apenas dividindo o valor total dos empréstimos pelo patrimônio do Grupo Familiar. Por exemplo, se a soma entre empréstimos está em R$ 1 milhão e o patrimônio estimado a mercado é de R$ 10 milhões, teremos DT/P igual a 10%.

A nossa recomendação no agronegócio para este indicador, infere para valores até 30%, mas o limite de 50% ainda é bem aceito pelo mercado financeiro. De todo modo, também neste caso o indicador não pode ser analisado de maneira isolada, mas sim integrado com outros indicadores e componentes do sistema de produção.

Aparentemente os números podem parecer conservadores para alguns, mas pela peculiaridade do agronegócio, onde normalmente a maior parte do patrimônio é de baixa liquidez (terras), não é salutar uma alavancagem acima destes patamares. Caso ocorra um evento não controlável que influencie negativamente as receitas, possivelmente esta Família vai passar por esta “turbulência” sem muito desconforto, seguindo estas premissas.

Por outro lado, DT/P abaixo de 15% indica uma alavancagem baixa, e pode até ser um redutor de eficiência em algumas situações. Esta particularidade ocorre com maior frequência na pecuária, onde há maior conservadorismo no perfil familiar na utilização de linhas de crédito.

 

Linhas de Crédito para o Produtor Rural

Algumas linhas, principalmente as subsidiadas, podem e devem ser utilizadas como ferramenta no processo de produção, e existem justamente para fomentar o agronegócio!

 

Linhas de Crédito Subsidiadas para Fomentar o Agronegócio

Vamos pegar como exemplo um produtor tradicional, que não tem costume em tomar linhas de crédito, e possui um Patrimônio de R$ 50 milhões em terras. Um volume de crédito de longo prazo de R$ 5 milhões, subsidiado com taxa anual em torno de 7,5% possivelmente seria concedido nesta situação. Vamos também inferir que esta fazenda “não precise” deste aporte de capital, ou que haja receio da Família em se alavancar para produzir.

O exercício aqui passa então a ser apenas financeiro, onde o dinheiro é tomado no banco e utilizado para as atividades programadas (como compra de animais, custeio de safra, investimentos), e as receitas geradas que bancariam estas atividades já programadas, passam a ser aplicadas em linhas seguras de bancos sólidos e tradicionais, onde é possível obter receitas também ao redor de 7,5% ao ano. Teremos, portanto, a entrada de R$ 5 milhões no sistema de produção (via bancos) e a saída de R$ 5 milhões (para aplicação bancária, via venda de produtos), gerando um aporte líquido igual a zero. Porém estamos falando de um caixa adicional de R$ 5 milhões (aplicados) que poderão ser necessários para aquele negócio de oportunidade que sempre aparece quando você está com o caixa apertado!

O exemplo vale para hoje, plano safra 2021/22, mas existem momentos onde as taxas de juros (para aplicação financeira) estarão maiores que as taxas subsidiadas para tomar créditos, e nestes momentos você terá até alguma sobra de capital na aplicação. Certamente vai poder pagar o salário dos funcionários, ou mesmo algo novo para sua capacitação pessoal.

Seu desafio é enfrentar isso e saber que para o seu negócio agro seguir ao longo do tempo, a área financeira é algo que você deve dominar... Ou terá problemas sérios em algum momento.

 

Por Daniel Pagotto.

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